quarta-feira, 9 de abril de 2008

PSICOTERAPEUTA??? POSSO???

Esse texto surgiu de uma demana da disciplina de TTPII durante meu curso de Psicologia. Tem como objetivo uma resenha sobre o livro "Cartas a um jovem terapeuta" do autor Calligaris. Por isso, só dá para sentir o gostinho de quão bom o livro. E para quem vai seguir essa arte de ser psicoterapeuta..este livro se torna INDISPENSAVEL!!!! Pois tira a maioria das duvidas pertinentes a pratica psicoterapica. CONFIRAM...
“CARTAS A UM JOVEM TARAPEUTA”
RESENHA

O livro apresenta uma série de cartas e bilhetes escritos pelo psicanalista Contardo Calligaris a um jovem que esteja a iniciar, profissionais já atuantes ou interessados pela área da psicoterapia.
Nas cartas, Calligaris se dirige a dois jovens em início de carreira e procura dar-lhes uma noção do que é e do que não é ser terapeuta Através da troca de perguntas e respostas destes com o autor, o diálogo vai se estabelecendo e o autor passando todo seu conhecimento e experiência em psicologia. Aborda temas polêmicos de forma bem humorada, porém não discriminatória, e trata também de questões clássicas tais como o que deve ser o setting, o que seria cura em psicoterapia, o que fazer com o amor transferencial, quais características necessárias para ser um bom psicoterapeuta. Discute situações em que o paciente se apaixona pelo terapeuta, traça reflexões sobre o começo da carreira, diferenças entre psicoterapia e psicanálise, a problemática de se conseguir mais pacientes, dentre várias outras questões, como:
-Vocação profissional
-O primeiro paciente
-Amores terapêuticos
-Formação
-Curar ou não curar
-O que fazer para ter mais pacientes?
-Questões práticas
-Conflitos
-Infância e atualidade, causas internas e causas externas, contudo deixa claro que para ser um Psicoterapeuta, de uma forma bem geral, tem que ter duas características principais: GOSTAR DE GENTE E TER COERÊNCIA PROFISSIONAL.
O autor começa o livro falando abertamente que para ser um bom terapeuta o sujeito tem que possui alguns traços de caráter ou de personalidade que dificilmente poderão ser adquiridos durante a formação. Na maioria das vezes essas características já devem estar constituídas no sujeito desde muito tempo. Uma das mais interessantes e essenciais que o autor comenta firmemente é a de que se você quer ser psicoterapeuta e sua personalidade for do tipo que necessita de amor, admiração e gratidão do mundo, tente outra profissão e desista da psicoterapia. Pois, afirma Calligaris, nas curas que proporciona a psicoterapia, o terapeuta é, por assim dizer, ele mesmo o remédio, muitas vezes amargo, difícil de ser “engolido”. E de fato a psicoterapia faz seu efeito e o paciente para de idealizar o terapeuta. Não podemos cair no erro de confirmar uma idealização de um paciente, pois nós terapeutas trabalhamos com a angústia, o sofrimento, e muitas vezes acolhemos o paciente frustrando.
Outro traço de caráter levantado pelo autor é a curiosidade e o respeito pela variedade da experiência humana. Comenta que é importante que tenhamos nossas crenças e valores, mas para um psicoterapeuta “o bem e o mal de uma vida não se decidem a partir de princípios preestabelecidos; eles se decidem na complexidade da própria vida da qual se trata. Um mesmo sintoma pode ser a razão do sucesso ou do fracasso de uma existência”.(CALLIGARIS, p. 12). E se talvez você se depare com um paciente que está fora dos seus limites e achar que não vai ser possível escutá-lo sem um juízo moral preconcebido, ou seja não conseguir respeitar a singularidade do paciente, encaminhe-o para outro psicoterapeuta, aconselha Calligaris.
Seguindo a mesma linha de raciocínio, o autor coloca sua opinião pessoal a respeito de outra característica que um terapeuta precisaria ter: “uma certa quilometragem rodada”. Desconfio aqui, pelo que pude entender, que estava querendo falar de um autoconhecimento do próprio psicoterapeuta, em outras palavras, que o terapeuta viesse a conhecer as variedades de sua própria vida. Nesse sentido o autor traz uma reflexão, polêmica, como sempre, sobre algo muito importante, principalmente nos dias de hoje, a respeito de uma suposta “normalidade” do psicoterapeuta. Comenta que o importante é você se conhecer e trabalhar com as variedades que se apresentam, como já foi dito anteriormente, mas que caso você esteja desistindo da profissão só porque você não é um “modelo de normalidade”, segundo o autor, não precisa disso e nem dessa preocupação. Trabalhe-se, mas não se cristalize.”Segundo, e mais geral, quem estigmatiza categorias universais, como ”os homossexuais”, “os sadomasoquistas”, “os exibicionistas”, etc.,é um atacadista, enquanto a psicanálise trabalha no varejo: a fantasia e o desejo só encontram seu sentido nas vidas singulares”.(CALLIGARIS, p. 16)
“Resumindo, meu jovem amigo que pensa em ser terapeuta, se você sofre, se seus desejos são um pouco (ou mesmo muito) estranhos, se (graças a sua estranheza) você contempla com carinho e sem julgar (ou quase) a variedade das condutas humanas, se gosta da palavra e se não é animado pelo projeto de se tornar um notável de sua comunidade, amado e respeitado pela vida afora, então, bem-vindo ao clube: talvez a psicoterapia seja uma profissão para você”.(CALLIGARIS, p.18)
Contardo Calligaris coloca seu ponto de vista sobre alguns assuntos muito polêmicos da psicoterapia atual, como: A duração da sessão, pagamento, setting, entrevistas preliminares e supervisão, e se expressa muito bem nesse livro.
O autor comenta que o setting não é condição nem garantia de nada. Segundo ele, uma análise ou uma terapia acontecem pelas palavras trocadas e pelas relações que elas organizam, não pela forma ou maneira que o paciente se acomoda (deitado ou sentado) e cita o próprio Freud quando levanta a questão que talvez a decisão possa depender simplesmente de uma questão de conforto, seu e de seu paciente.
A respeito das entrevistas preliminares, Calligaris coloca que a pergunta principal a ser feita é: Será que nesse caso, eu poderia ser algum auxílio para o paciente? De acordo com o autor temos que nos engajar com pacientes de possível estabelecimento de aliança, pois um terapeuta ou analista não é indiferente a “traços” dos pacientes, podendo alguns deles vir a prejudicar um engajamento do terapeuta na cura deste e vice-versa.
Quando vai falar sobre a duração da sessão e do pagamento assume uma posição bem particular da sua experiência e no que acredita ser o melhor e aconselha que façamos a mesma coisa, pois sustenta uma opinião de que não existe um modelo ideal a ser seguido.
Fala que prefere adotar como duração da sessão, um tempo variável, mas não breve, segundo o autor foi uma maneira que encontrou de respeitar o próprio ritmo de sua atenção e da sua maneira de escutar e intervir.
Coloca também que a questão do dinheiro e a freqüência das sessões são variáveis como sua duração, pois estes dependem das necessidades da cura do paciente.
E por último, acredita que a função da supervisão de um jovem terapeuta ou analista, deve ser autorizar o terapeuta, inspirar-lhe a confiança em seus próprios atos, sem a qual nenhuma cura vai ser possível.
Outro ponto interessante, são das utilidades da leitura desse livro para os jovens terapeutas, sejam das áreas psiquiátrica ou psicológica, dando uma noção da importância de cada uma dessas áreas, sem discriminação e sem conflitos. Calligaris nos dá como exemplo um paciente deprimido que, uma vez medicado, pode voltar a ter condições de participar ativamente de sua psicoterapia, ao contrário do que pensam alguns profissionais "biológicos" (que atribuem a melhora exclusivamente à medicação) e dos seus correspondentes psicanalíticos na ortodoxia, que muitas vezes são contra a medicação por pensar que esta não cura, apenas "anestesia o sintoma".
Calligaris no texto, dentre muitas outras perguntas, responde uma sobre o que fazer quando um paciente foge de falar da sua infância? Como prosseguir o tratamento se acreditamos que os traumas vêm da história de vida desse sujeito? Muito certo do que diz e sempre muito polêmico o autor retruca com outra pergunta, será que está na infância e somente nela a razão de todo o nosso sofrimento psíquico? E segue argumentando, dizendo que o trauma é um evento mais ou menos difícil, que em um SEGUNDO momento, não consegue ser integrado na história do sujeito, ou seja, o autor acredita que o caráter traumático de um acontecimento não depende de alguma qualidade específica da experiência vivida, mas é um efeito de como, mais tarde, essa experiência pode ou não integrar uma história que faça sentido no sujeito. E conclui dizendo que os eventos infantis não são mais marcantes do que os de hoje, mas os eventos de hoje, diz Calligaris, tomam relevância e sentido a partir dos de nosso passado e, portanto, de nossa infância.
Talvez a parte mais interessante do livro seja a crítica que faz do distanciamento apresentado pelo discurso psicanalítico em algumas instituições em relação ao que deveria ser o seu objeto: o trabalho com o paciente. É justamente aí que está o seu maior mérito: situa a terapia no consultório, ocorrendo entre duas pessoas, uma querendo se livrar de alguma forma de sofrimento e outra procurando viver do trabalho de cuidar dessa pessoa. Pode parecer óbvio, mas não é freqüente que textos técnicos tratem de assuntos como "O que fazer para ter mais pacientes?", "O que dizer ao paciente sobre a terapia no início do tratamento?" ou "E se o paciente me dá sono?", mesmo que essas perguntas sejam assíduas entre as preocupações não só dos iniciantes. Nesse particular, o livro de Calligaris ganha por não ser "técnico".
Existem muitos outros levantamentos no livro a cerca da atuação psicoterápica pelo autor, porém não caberia me estender mais, pois nada melhor do que ler o próprio, da sua maneira única e afetuosa de falar para tirar conclusões individuais e refletir sobre elas, principalmente se você também é um futuro aspirante da psicoterapia. Assim, podemos concluir que o livro é de fácil e rápida leitura e que uma coisa continua certa: quer para o terapeuta médico, quer para o terapeuta psicólogo, o caminho não é fácil e o entendimento dessas pequenas coisas, se não consegue nos tornar menos árduo, pelo menos alerta para que certas dificuldades requerem, além da técnica, sensibilidade e intuição.

terça-feira, 8 de abril de 2008

FADAS NO DIVÃ...



POSTAREI HOJE UM TEXTO DE MINHA AUTORIA, DESTINADO PARA PAIS E PROFESSORES DA ED.INFANTIL DO COLÉGIO NO QUAL TRABALHO.



ERA UMA VEZ...

"ERA UMA VEZ uma criança que adorava ouvir histórias... ela nada mais esperava que viver cada momento, mas a cada passo dado neste seu mundo de sonhos e fantasia, pouco a pouco, sem o perceber,ia encontrando um sentido para a vida..." (Paulo Urban)



Atualmente alguns pais desejam ver seus filhos com as cabeças funcionando racionalmente 24 horas e acreditam que a maturidade deles depende exclusivamente do ensinamento lógico. Esquecem-se de explorar os sentimentos e as emoções como fundamentais ingredientes para a formação do caráter e, ainda que bem alfabetizem, desconsideram os contos de fadas como se estes só gerassem confusões quanto aos conceitos sólidos de realidade que devem ser ensinados às crianças. Pecam gravemente por isso.
Histórias não garantem a felicidade nem o sucesso na vida, mas ajudam. Elas são como exemplos, metáforas que ilustram diferentes modos de pensar e ver a realidade. Quanto mais variadas e extraordinárias forem as situações que elas contam, mais se ampliará o nosso acervo de saídas possíveis para os problemas que nos afligem.
A maioria das crianças demonstra na escola grande interesse nas historinhas contadas por suas professoras. Essas histórias apresentam, de alguma forma, a solução para seus medos e angústias. Medo de ser abandonado pelos pais, de escuro, de bichos e tantos outros. Medos que fazem parte da insegurança natural de uma criança.
Em contato com a história a criança projeta seu mundo nos personagens e eles atuam de modo a colaborar na resolução desses sentimentos.
Quando as crianças escutam uma historinha, muitos processos ocorrem à favor do seu amadurecimento : elas se identificam, sofrem, comemoram, enfim, vivenciam de forma inconsciente a historia que estão ouvindo. E, com isso, conseguem criar dentro de si ferramentas para vencer os dramas superados pelos personagens, uma vez que eles mesmos mostram que venceram. E ficam aliviadas e contentes ao saber que existe esperança para solucionar todos os problemas, como os seus próprios.
Nos contos de fadas podemos encontrar a figura do pai-herói, que protege e soluciona os conflitos, como o caçador, personagem de Chapeuzinho Vermelho. A criança se sente realizada ao saber que mesmo diante de um conflito que parece insolúvel (o lobo devora a vovozinha) o personagem está a salvo graças à intervenção heróica do caçador.
Podemos citar também a história dos três porquinhos que, assim como no Chapeuzinho Vermelho, há um encontro inusitado com o lobo. Este personagem, para o imaginário infantil, é carregado de um importante significado. Ele representa o “medo” da criança sobre a dependência total da mãe. Na vida real, este sentimento impulsiona a criança para um começo de separação, ou seja, de independência em relação à mãe. No conto já citado, os três porquinhos se encontram num local “seguro”, as suas casas, quando o lobo aparece ameaçando e fazendo com que se movam para outro local, impulsionando-os a tomarem outra postura para se protegerem.
Segundo os estudiosos da Psicanálise, a escolha do personagem: LOBO, que tem como arma sempre a BOCA, se dá pelo fato das crianças muito pequenas, que estão passando por esse trânsito mãe-bebê, se encontrarem na fase oral do desenvolvimento, que se caracteriza por utilizarem a boca como fonte de saciedade, prazer e conhecimento. Na fantasia dos bebês só aquilo que se engole é factualmente passível de ser possuído e controlado.
É comum uma criança pedir para ouvir a história diversas vezes. A repetição, na verdade, é uma forma de ajudá-la na elaboração de angústias e conflitos. Nós adultos, por exemplo, repetimos um fato ruim que nos aconteceu. Por exemplo, o rompimento com o namorado é motivo para dias e dias da mesma história. Não vamos solucionar o problema, mas a repetição ajuda na elaboração de respostas inconscientes, que fazem com que solucionemos a questão internamente e da mesma forma acontece com as crianças.
A criança estabelece através da leitura, alguns significados que podem melhorar sua qualidade de vida, propondo um resgate da auto-estima e do auto-conhecimento. Além disso, os contos de fadas facilitam a conscientização de que todos são capazes de superar suas próprias dificuldades e limitações, levando a encontrar caminhos que despertam a compreensão de si e do mundo e as novas descobertas que contribuirão para o seu conhecimento e crescimento pessoal e social. Os contos dão à criança a oportunidade de projetar sonhos e anseios por meio da fantasia, conduzem a sua autonomia e a crença na transformação de suas fraquezas em potenciais para vencer desafios, adotar novas posturas, pensar com criticidade e mudar sua história.


“E quanto àquela criança que adorava ouvir histórias? O mais importante que resta disso tudo é que nunca esqueçamos a lição... crianças, jovens ou adultos, no mundo das fadas todos seguimos encantados e... FELIZES PARA SEMPRE!" (Paulo Urban)




AUTORA: JULIANA KUBRUSLY


segunda-feira, 7 de abril de 2008

DANDO INICIO...

DAREI INICIO AQUI O MEU BLOG SOBRE DIVERSOS TEMAS DA PSICOLOGIA. O OBJETIVO MAIOR DA CRIAÇÃO É ESTAR DIVULGANDO TRABALHOS E TEXTOS DE MINHA AUTORIA, ASSIM COMO, PODER RECEBER OPINIOES, REFLEXOES, CRITICAS E IDEIAS A RESPEITO DOS MESMOS. ESPERO QUE GOSTEM E QUE SAIBAM USUFRUIR DESTE COM MUITO RESPEITO.