POSTAREI HOJE UM TEXTO DE MINHA AUTORIA, DESTINADO PARA PAIS E PROFESSORES DA ED.INFANTIL DO COLÉGIO NO QUAL TRABALHO.
ERA UMA VEZ...
"ERA UMA VEZ uma criança que adorava ouvir histórias... ela nada mais esperava que viver cada momento, mas a cada passo dado neste seu mundo de sonhos e fantasia, pouco a pouco, sem o perceber,ia encontrando um sentido para a vida..." (Paulo Urban)
Atualmente alguns pais desejam ver seus filhos com as cabeças funcionando racionalmente 24 horas e acreditam que a maturidade deles depende exclusivamente do ensinamento lógico. Esquecem-se de explorar os sentimentos e as emoções como fundamentais ingredientes para a formação do caráter e, ainda que bem alfabetizem, desconsideram os contos de fadas como se estes só gerassem confusões quanto aos conceitos sólidos de realidade que devem ser ensinados às crianças. Pecam gravemente por isso.
Histórias não garantem a felicidade nem o sucesso na vida, mas ajudam. Elas são como exemplos, metáforas que ilustram diferentes modos de pensar e ver a realidade. Quanto mais variadas e extraordinárias forem as situações que elas contam, mais se ampliará o nosso acervo de saídas possíveis para os problemas que nos afligem.
A maioria das crianças demonstra na escola grande interesse nas historinhas contadas por suas professoras. Essas histórias apresentam, de alguma forma, a solução para seus medos e angústias. Medo de ser abandonado pelos pais, de escuro, de bichos e tantos outros. Medos que fazem parte da insegurança natural de uma criança.
Em contato com a história a criança projeta seu mundo nos personagens e eles atuam de modo a colaborar na resolução desses sentimentos.
Quando as crianças escutam uma historinha, muitos processos ocorrem à favor do seu amadurecimento : elas se identificam, sofrem, comemoram, enfim, vivenciam de forma inconsciente a historia que estão ouvindo. E, com isso, conseguem criar dentro de si ferramentas para vencer os dramas superados pelos personagens, uma vez que eles mesmos mostram que venceram. E ficam aliviadas e contentes ao saber que existe esperança para solucionar todos os problemas, como os seus próprios.
Nos contos de fadas podemos encontrar a figura do pai-herói, que protege e soluciona os conflitos, como o caçador, personagem de Chapeuzinho Vermelho. A criança se sente realizada ao saber que mesmo diante de um conflito que parece insolúvel (o lobo devora a vovozinha) o personagem está a salvo graças à intervenção heróica do caçador.
Podemos citar também a história dos três porquinhos que, assim como no Chapeuzinho Vermelho, há um encontro inusitado com o lobo. Este personagem, para o imaginário infantil, é carregado de um importante significado. Ele representa o “medo” da criança sobre a dependência total da mãe. Na vida real, este sentimento impulsiona a criança para um começo de separação, ou seja, de independência em relação à mãe. No conto já citado, os três porquinhos se encontram num local “seguro”, as suas casas, quando o lobo aparece ameaçando e fazendo com que se movam para outro local, impulsionando-os a tomarem outra postura para se protegerem.
Segundo os estudiosos da Psicanálise, a escolha do personagem: LOBO, que tem como arma sempre a BOCA, se dá pelo fato das crianças muito pequenas, que estão passando por esse trânsito mãe-bebê, se encontrarem na fase oral do desenvolvimento, que se caracteriza por utilizarem a boca como fonte de saciedade, prazer e conhecimento. Na fantasia dos bebês só aquilo que se engole é factualmente passível de ser possuído e controlado.
É comum uma criança pedir para ouvir a história diversas vezes. A repetição, na verdade, é uma forma de ajudá-la na elaboração de angústias e conflitos. Nós adultos, por exemplo, repetimos um fato ruim que nos aconteceu. Por exemplo, o rompimento com o namorado é motivo para dias e dias da mesma história. Não vamos solucionar o problema, mas a repetição ajuda na elaboração de respostas inconscientes, que fazem com que solucionemos a questão internamente e da mesma forma acontece com as crianças.
A criança estabelece através da leitura, alguns significados que podem melhorar sua qualidade de vida, propondo um resgate da auto-estima e do auto-conhecimento. Além disso, os contos de fadas facilitam a conscientização de que todos são capazes de superar suas próprias dificuldades e limitações, levando a encontrar caminhos que despertam a compreensão de si e do mundo e as novas descobertas que contribuirão para o seu conhecimento e crescimento pessoal e social. Os contos dão à criança a oportunidade de projetar sonhos e anseios por meio da fantasia, conduzem a sua autonomia e a crença na transformação de suas fraquezas em potenciais para vencer desafios, adotar novas posturas, pensar com criticidade e mudar sua história.
“E quanto àquela criança que adorava ouvir histórias? O mais importante que resta disso tudo é que nunca esqueçamos a lição... crianças, jovens ou adultos, no mundo das fadas todos seguimos encantados e... FELIZES PARA SEMPRE!" (Paulo Urban)
AUTORA: JULIANA KUBRUSLY
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